É comum, atualmente, associar desenvolvimento somente
a crescimento econômico, aumento de renda, industrialização ou avanço
tecnológico. Em crítica a essas visões mais restritas, o economista e Prêmio
Nobel, Amartya Sen, propõe uma concepção mais adequada de desenvolvimento, que
deve ir muito além da acumulação de riquezas, do crescimento do PNB (Produto
Nacional Bruto) ou de outras variáveis relacionadas à renda. Segundo ele, o
desenvolvimento tem que estar relacionado, sobretudo com a melhoria das
condições de vida e das liberdades desfrutadas. Assim, para ele a liberdade é o
principal fim do desenvolvimento, sendo que a pobreza é vista como forma de
privação de liberdades.
O acesso à energia elétrica
na atualidade pode atuar como facilitador do processo de redução destas
privações de liberdades, visto que pode permitir o funcionamento de uma
infinidade de equipamentos, que por sua vez possibilitam melhorias no bem-estar
das pessoas. A disponibilidade de energia
elétrica, portanto, configura-se como um fundamental recurso facilitador da
vida humana, uma vez que permite uma melhor qualidade de vida e um maior
aprimoramento de seu trabalho.
Sabemos hoje que o PNB é o
indicador mais utilizado para medir o desempenho de uma economia na produção de
bens e serviços, por conseguinte, é muitas vezes associado ao consumo e à
produção de energia. Contudo, indicadores sociais como o IDH podem estar
fortemente correlacionados ao consumo de energia. Partindo desta prerrogativa,
podemos fazer uma análise comparativa no Estado do Piauí entre o acesso à
energia elétrica e o IDH. Dessa análise constatamos que há uma correlação entre
os municípios com baixo acesso à energia elétrica e os municípios de menor IDH.
Os casos extremos são os municípios de Teresina (maior IDH) e Guaribas (menor
IDH), que apresentam respectivamente os maiores e menores índices percentuais de
eletrificação. Assim, embora esta simples comparação entre indicadores não seja
conclusiva, podemos inferir que existe uma relação muito estreita entre o
acesso à energia elétrica e o desenvolvimento. No entanto, deve-se ressaltar
que o simples acesso à energia elétrica não é suficiente para permitir o
desenvolvimento de uma região, como muitos programas de eletrificação rural
sugerem.
A realidade da zona rural piauiense não difere muito
da de outros Estados do Nordeste, principalmente na região semiárida, onde os
períodos de estiagem são mais prolongados e as consequências da seca são mais
severas. Aqui, a disponibilidade de energia elétrica pode contribuir de forma
satisfatória para a melhoria das condições de vida da população e para o
desenvolvimento regional. Dentre os vários benefícios que a eletricidade pode
oferecer para o sertanejo, um é essencialmente mais importante: o acesso à água
potável. Além disso, a melhoria na qualidade de iluminação, o acesso melhorado
à educação, saúde, abastecimento de água, geração de renda, etc. Neste
contexto, o acesso à energia elétrica pode ser considerado como uma forma de
liberdade e, portanto, está relacionado diretamente ao desenvolvimento. No
entanto, embora exista uma relação entre o acesso à energia elétrica e o
desenvolvimento, outros programas sociais devem estar associados aos programas
de eletrificação rural. Para que os benefícios da eletricidade possam
promover de fato reais melhorias nas condições de vida da população envolvida.
* Texto publicado originalmente por Albemerc Moura de Moraes no dia 03 de maio de 2010 no jornal Meio Norte (Teresina - Piauí)
Relação
entre o índice de eletrificação do Piauí e o IDH-M.
Considerando que a energia solar está disponível de forma absolutamente gratuita, perguntamo-nos por que o seu aproveitamento ainda é tão limitado no universo das energias renováveis? O problema é que a energia solar apresenta-se sob a forma disseminada e a sua captação, pelo menos para potências elevadas, requer instalações complexas e dispendiosas.
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